Será que meu relacionamento afetivo é saudável?
Quem nunca ouviu essas frases no dia a dia: “Você precisa de um (a) namorado (a) que te complete”, “A gente conhece a pessoa só depois que casa”, “Todo homem é igual, só muda de endereço”, “Sentir ciúmes é sinal de amor” ou “Como está seu relacionamento?”.
Quando refletimos a respeito destas e muitas outras frases que aparecem em nosso meio social compreendemos que as imagens de homem e mulher são constantemente generalizadas, muitos mitos e idealizações de um “amor perfeito” fazem parte de nossa construção histórica, sempre voltados ao preenchimento de um vazio existencial. É como se houvesse a necessidade de se relacionar amorosamente com alguém para que qualquer pessoa se sinta feliz e completa.
Assim, o relacionamento amoroso é percebido como um dos elementos essenciais para que a felicidade possa existir. A ideia que historicamente é implantada em nossa vida que o esperado é encontrar alguém, viver um lindo romance, marcar casamento, constituir família e ser feliz para sempre.
Logicamente nossas vivências nem sempre nos levam por este caminho e também, o relacionamento à dois não é como um “conto de fadas” que lemos em um livro. Assim como os relacionamentos afetivos podem trazer bem estar psíquico, saúde emocional e transformações vivenciais em relacionamentos bem estruturados, o contrário também pode ocorrer, trazendo sérias consequências àqueles que vivem em constante atrito e com dificuldades na comunicação verbal e não verbal.
Há uma construção de paradigmas sócio-histórico-cultural dos relacionamentos amorosos e, na atualidade, falar sobre esse assunto é um grande desafio. Em nossa cultura atual as relações interpessoais são vivenciadas através de vínculos que podem ser estabelecidos pelo contato presencial bem como um contato virtual. Portanto, saber lidar com as transformações culturais são essenciais para compreender as subjetividades individuais, no que diz respeito aos relacionamentos amorosos.
Atualmente as relações afetivas se tornaram efêmeras, com vínculos mal estabelecidos, tornando-as descartáveis. Chamamos estas relações de tóxicas ou abusivas afinal sempre causam grande sofrimento e adoecimento emocional a pelo menos uma das partes do relacionamento.
Há várias interpretações e estudos psicológicos que demonstram ser possível e viável a vivência de relacionamentos saudáveis onde há respeito, admiração, atenção, diálogo, o encontro recíproco, onde duas pessoas se fortalecem frente à capacidade de amar e ser amado, errar e ter a compreensão para reconhecer onde pode melhorar e estimular a comunicação dialógica onde o casal consegue escutar um ao outro, para juntos entrarem em um acordo.
Assim, nosso maior objetivo está em compreender como construir relações amorosas de forma saudável.
O que pode desencadear felicidade numa relação amorosa depende da subjetividade singular de cada sujeito imerso em seus papeis desempenhados ao longo da vida, bem como seus valores, crenças, cultura, rituais, história vivenciada e contexto social que cada indivíduo traz consigo.
Existem alguns princípios que são básicos na relação amorosa saudável. Por exemplo, a comunicação através do diálogo é fundamental, mas não basta apenas falar por meios das palavras os inconvenientes, sentimentos ou críticas, é preciso que você fale com o seu corpo, ele engloba o “olho a olho” atento, a entonação da voz calma, escuta compreensiva, as expressões faciais resilientes. Isso permite que mesmo diante de uma situação estressante é possível retornar ao equilíbrio psíquico e agir com sabedoria.
É valido ressaltar que nessa troca comunicativa precisamos saber se o seu contexto e momento são adequados para o desenvolvimento de um bom diálogo, lembrando que o diálogo se torna mais assertivo quando ambos desejam resolver os adversidades do relacionamento.
O autorrespeito é essencial, na medida em que o respeito predomina em si mesmo há um cuidado genuíno com sua essência, emoções e sentimentos. Assim, existem grandes possibilidades de você saber respeitar o outro, ou melhor, aceitar o seu (a) companheiro (a) como ele (a) é, incluindo as relações sociais e afetivas que o outro mantém e faz parte.
A empatia também é fundamental para que um se coloque no lugar do outro e compreenda como o outro está se sentindo frente às problemáticas trazidas. Esta questão da empatia precisa ser treinada diariamente através da inversão de papéis, afinal se colocar no lugar do outro (pensar como o outro pensaria ou sentir como o outro se sentiria) não é uma tarefa fácil, mas é de extrema importância para que o relacionamento possa ser equilibrado.
Numa relação amorosa é fundamental que haja vínculo e entrega de ambas partes. Nenhuma relação pode ser construída saudavelmente se apenas um indivíduo está na relação. Dessa forma, não haveria o verdadeiro encontro amoroso. Também é valido ressaltar que a compreensão das necessidades do outro e do casal levam ao fortalecimento da saúde emocional.
Portanto, na construção de um relacionamento amoroso, a base de princípios saudáveis auxilia no desenvolvimento do bem-estar emocional e na qualidade de vida das pessoas. Nem sempre seremos capazes de desenvolver habilidades para a manutenção de um bom relacionamento e precisaremos de profissionais especializados que nos levem ao autoconhecimento capaz de fortalecer nossos vínculos relacionais.