Dependência emocional nos relacionamentos afetivos e como se livrar delas
Atualmente o assunto “relacionamento abusivo” está em pauta nos diversos meios de comunicação, bem como na vida real.
Mas o que é uma relação abusiva? Como identificar e como sair deste tipo de relação? Por que algumas pessoas, mesmo que terminem uma relação tóxica, logo começam outra muito semelhante com a anterior, como se fosse um ciclo vicioso? Pois bem, essa pessoa provavelmente pode ter uma dependência emocional.
Desde o nascimento o ser humano acaba por ser dependente, seja dos pais ou de um responsável. Assim, podemos dizer que o ser humano é naturalmente dependente. No entanto, ao longo da vida, o esperado é que a criança vá se tornando independente e, conforme vai crescendo e tendo condições físicas e emocionais para isso, aprenda a viver de forma saudável com sua própria companhia.
No entanto, algumas pessoas não conseguem se adaptar a ideia de estarem sozinhas, principalmente no campo amoroso o que acarreta uma busca inesgotável por um parceiro, muitas vezes, qualquer parceiro, e isto é como um campo minado!
A construção dos padrões de relacionamento
De início, é importante compreender que a maneira que cada um tem de se relacionar está diretamente associada aos vínculos estabelecidos na infância, especialmente com os responsáveis, formando padrões de relacionamento.
Assim, se a criança não costumava ser contrariada pelos pais (ou responsáveis) tem tendência a buscar nas relações adultas, pessoas que não a contrariem.
Já aquelas crianças que não tiveram um cuidado físico e afetivo adequado dados pelos responsáveis, ou mesmo não se sentiram seguras, acabam por desenvolverem uma baixa autoestima. Isso significa que poderão vir a se tornar adultos extremamente inseguros, trazendo como resultado mais dependência nas relações afetivas. Isso ocorre porque foi esta a forma que aprendeu a se relacionar, e de forma inconsciente, busca preencher “tal” falta.
Normalmente é assim que ocorre a passagem de papéis, que antes era ocupado pelos responsáveis (pais), para então manifestar-se em amizades ou, quando surge um parceiro romântico, este sistema de apego encontra sua nova rota, sempre tentando preencher lacunas internas.
A repetição dos relacionamentos abusivos
O sujeito dependente constantemente se envolve em relacionamentos abusivos, onde existe desigualdades entre as necessidades emocionais:
- Ele não acredita ser merecedor do amor e carinho de alguém.
- Não se sente capaz de viver sozinho.
- Busca sempre aprovação do outro, colocando-se em posição de submissão.
- Sentindo culpa por não se considerar bom o suficiente para o parceiro.
- Além do ciúme excessivo e possessividade devido ao medo de ser abandonado.
Esses e outros comportamentos extirpam a leveza e felicidade do relacionamento, de modo que os envolvidos na relação se sintam sufocados fazendo com que se tornem dependentes um do outro. O que normalmente se torna uma relação de controle, onde há o submisso e o controlador.
E, quando finalmente esse relacionamento abusivo chega ao fim, aquele que é submisso e dependente começa outro com quase todas as características anteriores, sem compreender onde está o erro simplesmente aceitando o rotulo de “dedo podre”.
Mas, na verdade, isso tudo é reflexo de suas questões internas, como os primeiros vínculos com os responsáveis: baixa autoestima, insegurança, traumas vividos, entre outros, que se não forem trabalhados em psicoterapia, sempre terão o resultado na repetição de relacionamentos inadequados. Com o tempo, devido às inúmeras decepções, essa repetição gera uma intensa tristeza acompanhada dos sentimentos de fracasso e incapacidade.
E como quebrar este ciclo?
Autoconhecimento
Um dos primeiros passos para conseguir se livrar desse ciclo vicioso de repetições é através do autoconhecimento. É olhar para si mesmo, buscando compreender sua história e suas dores.
Como foram formados seus padrões de relacionamento? Como eram suas figuras de referencia na infância? O que realmente gosto de fazer? O que me traz felicidade? Como eu me enxergo? Em que preciso melhorar? O que admiro em mim?
Esses são alguns exemplos de questões importantes no processo de autoconhecimento.
Quando começamos a nos conhecer, vamos nos fortalecendo e logo conseguimos ter um olhar mais claro das situações. E, se tratando de relacionamentos, terá condições logo no início de perceber que determinada pessoa não te faz bem.
Ressignificação
“Não é o afeto que se torna outro, mas o sujeito que se torna outro para receber dentro de si aquilo que até então lhe era insuportável”.
Mas e tudo que eu já passei? Não consigo esquecer!
E nem deve! Esta é sua história e faz parte de você. Não poderá enterrar o passado, pois certamente também enterraria aprendizados seus.
Por este motivo, a importância de dar um novo significado para algumas vivencias, olhar para sua história com mais compaixão, através de outros ângulos, assim os traumas serão reorganizados sem trazer tanto desconforto.
Autoestima
Cuidar da autoestima é fundamental para que você comece a se aceitar e se valorizar, dispensando a aprovação dos outros para se sentir adequado.
É natural querermos agradar àqueles que amamos, mas quando vivemos somente em função disso, sem nos colocarmos como prioridade, deixa de ser algo saudável.
Contudo, a autoestima não surge como um relâmpago, é uma construção diária através de pequenos hábitos que a constituem. Por exemplo:
- Não se comparar com as pessoas a sua volta;
- Descobrir coisas que te dão prazer e reservar um tempo só para você (aprender a fazer algo novo, buscar atividades de lazer, ler sobre um assunto de seu interesse, etc)
- Praticar uma atividade física. Exercitar o corpo faz bem para saúde física e mental, diminuindo estresse e liberando serotonina, substancia responsável pela sensação de prazer no organismo.
- Seja mais gentil consigo. É importante deixar de lado a exigência da perfeição buscando metas racionais para alcançar o equilíbrio emocional, acolhendo suas habilidades e também suas dificuldades.
- Fazer terapia. A psicoterapia oferece um espaço onde é possível expor e compreender seus pensamentos, emoções e experiências, facilitando a ressignificação, o processo de autoconhecimento e a melhora na autoestima.